terça-feira, 7 de maio de 2013

E a profecia se concretizou ...


Prezados leitores, não é querer me gabar, mas é interessante como as coisas se repetem na história. Em novembro de 2012 eu era um reporter com recém chegado ao caderno Bola, do Diário do Pará, e recebi a incubência de ser reporter setorista do Clube do Remo. À época havia bem pouca coisa para se escrever sobre o clube pois as atividades estavam paralizadas. Aí sobrava espaço para algumas matérias bem humoradas - com toque de reflexão - sobre a situação do clube. Nessa aqui eu fiz um paralelo entre o roteiro da série de filmes "A Lagoa Azul". Clássico do Cinema em Casa, que marcou nossas infâncias mas abusou de reprisar. O texto fazia um prognóstico um tanto pouco otimista sobre o que a torcida azulina poderia esperar para 2013... e num é que o texto acertou, de certa forma?

Reproduzo agora a matéria, um de meus primórdios na vida de jornalista. Infelizmente não tenho como reproduzir a charge sensacional que acompanhou o texto, mas vou tentar compensar com outras formas de ilustração.

Boa leitura, e obrigado por continuarem por aqui ;).

De volta à Lagoa do Leão Azul?

Sábado, 03/11/2012, 14:39:55 - Atualizado em 03/11/2012, 14:39:55


Quem assistia as sessões da tarde durante a década de noventa viu um monte de filmes marcantes, daqueles que a gente lembra com carinho depois, mas também enjoou de alguns tanto que se repetiam. O torcedor do Clube do Remo tem sentido isso nos últimos anos, com a enfastiante repetição de um certo roteiro. A sinopse azulina nas últimas quatro temporadas tem sido parecida com a sinopse do filme: A Lagoa Azul de 1980, campeão de audiência e reprises na TV. Em resumo, após uma tragédia um casal - Richard e Emilly nos filmes, clube e torcida no futebol - se vê preso em uma realidade inóspita por um longo tempo, precisando aprender a conviver um com o outro em harmonia e a sobreviver às dificuldades que o ambiente selvagem os impõe. Para o casal do cinema, que sobreviveu a um naufrágio, a realidade inóspita é uma ilha perdida isolada da civilização. Já para o Leão Azul e sua torcida é ela é, a dura realidade dos times sem divisão e sem calendário para disputar.

Como se já não fosse suficientemente enfastiante rever esse filme, o roteiro azulino parece seguir o roteiro da série de filmes. Se no final do primeiro filme, após muita luta, o casal e seu filho fogem da ilha e são encontrados por um barco em De Volta à Lagoa Azul, de 1991, descobre-se que na realidade eles haviam morrido e o filho do casal acaba se vendo isolado com uma parceira na mesma ilha de onde seus pais fugiram quando foge do navio em um surto de cólera. O clube de Periçá, após passar uma primeira temporada longe do Brasileirão, conquistou a vaga mesmo sem ganhar títulos, fez uma campanha irregular e foi eliminado na mesma fase do campeonato, ficando outra vez sem vaga garantida no Campeonato Brasileiro para o ano seguinte. E isso duas vezes seguidas, nos anos de 2009 e 2012. Será coincidência?

Talvez não. A verdade é que tanto em 2009 quanto em 2011, quando ficou fora de competições oficiais, o Remo estava em ano de eleições. Nas duas ocasiões, os presidentes eleitos tiveram pouco tempo para planejar o futebol, o que resultou em times formados em cima da hora, com pouco critério e de resultados pífios que excluíram o clube da quarta divisão. Mais uma vez, o Leão se encaminha para novas eleições e não vislumbra nada para o ano que vem sem saber antes quem será seu novo presidente.

A discussão sobre novo estatuto e protestos da torcida contra um modelo de gestão arcaico já se faziam presentes na eleição de Amaro Klautau, no final de 2008 e são figuras repetidas na situação atual remista, onde o presidente Sérgio Cabeça não se pronuncia sobre uma provável tentativa de reeleição. Será que o desfecho vai ser o mesmo? No cinema, a série A Lagoa Azul terminou após o segundo filme. Mas e no futebol? Quantas vezes mais a torcida azulina vai ter de rever esse filme?




[já que não tem jogo mesmo, o negócio é se divertir]

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