quarta-feira, 8 de maio de 2013

Marketing & Merchandising - Cigarros do Club do Remo (1913)


Coisas que encontramos na sede do Clube do Remo, na avenida Nazaré. Os "Saborosos e Hygiênicos" cigarros do Club do Remo, produzidas com "Esmerada Manipulação" nas cidades de "Acará e Bragança" em caixas elegantes que continham 20 unidades. Tudo isso em 1913!

Sim, 1913, quando o então Grupo do Remo, um clube que praticava o Remo e outros esportes, organizou seu departamento de futebol e ganhou seu primeiro título. Ano em que mudou sua nomenclatura para essa que estampa a carteira de cigarro e começava a deixar de ser um clube das elites, que apoiavam os remadores nos prélios na baía do Guajará para ser um time do povo, que se amontoava ao lado dos estádios e torcia pelos jogadores de futebol.

NOTA DO BLOGUEIRO
- Sim! Em 1913 os dirigentes do Leão já tinha uma noção de marketing e merchandisign BEM MELHOR que os atuais. Fico grato de não terem investido mais em cigarros - se os estádios do Pará já são um fumódromo naturalmente, imagina se o pessoal desde pequeno fosse incentivado a "fumar o cigarro do seu time". Vish.

PAYSANDU & COPA DO BRASIL - Uma história resumida

PIONEIRO - Torcedor paraense, você sabia que o Paysandu disputou a primeira partida da história da Copa do Brasil? Tem até registro disso, em 1989, Flamengo 2x0 Paysandu no estádio da Gávea [pelo vídeo dá pra ter uma idéia do porque aquele estádio não recebe mais jogos oficiais]. Teve jogo de volta disputado [não sei dizer o porque] no Baenão, vitória de 2x1 do Flamengo, que ainda contava com Zico e avançaria até as semifinais, quando seria eliminado pelo Grêmio em uma histórica chacoalhada de 6x1.



TRAJETÓRIA DIFÍCIL - Até 2012 o Paysandu nunca havia passado da segunda-fase da Copa do Brasil. Pior que isso, não foram poucos os casos em que o clube até tinha bons times mas desapontou jogando em casa. Não há muitos registros das participações bicolores nos anos 90 disponíveis na internet, mas essa eliminação em casa com derrota por 1x0 para o MAC - Maranhão Atlético Clube, terceira força do futebol maranhense à época - dá um tom do tamanho do drama.

Justiça seja feita 1: Esse time bicolor era bem ruinzinho ainda [Alaor e Mauricinho no ataque com TIBA no banco, vish!] mas era o embrião do que seria o time de Givanildo Oliveira e que conquistaria tudo nos anos seguintes.

Justiça seja feita 2: O MAC hoje em dia está absolutamente desaparecido, mas na época estava numa fase de eliminar o Remo da Copa Norte, o Paysandu da Copa do Brasil e a Tuna da série C. Era o carrasco dos times paraenses, e vivia talvez seu último bom momento no futebol.

LEMBRANÇA MAIS ALEGRE - Essa aqui ainda tá bem vívida na cabeça do torcedor paraense. Vitória incontestável, por goleada e com algumas atuações acima da média de Neto, Yago Pikachu e de Héliton, autor de 2 gols. Era a primeira vez que o Paysandu chegava à terceira fase da Copa do Brasil e eliminando um time da primeira divisão com 2 vitórias.



A festa que tomou conta da torcida bicolor foi tão grande que mesmo com a eliminação na fase seguinte para o Coritiba começou a bater uma sensação que novos ares se aproximavam e o time estava a caminho de retornar aos bons tempos ... isso quase foi por água abaixo com a troca de Lecheva por Roberval Davido, após o final do parazão, mas no final do ano, quando já estava tudo praticamente perdido, Lecheva voltou e ajudou a conduzir o time ao acesso à série B.

PARADIGMA ESSE ANO -
Até melhor que o do ano passado. Mais uma vez o Paysandu despachou o jogo de volta vencendo na ida por - ano passado vitória por 3x1 sobre o Espigão Do Oeste em Rondônia, esse ano 2x0 sobre o São Raimundo, de Roraima.



Tendo como adversário o modesto Naviraiense na segunda fase, o Papão - talvez pela primeira vez em sua história - aparece como franco favorito para chegar à terceira fase.

MAS ATENÇÃO COM O NAVIRAIENSE! - Em 1994 o Paysandu disputou a Copa do Brasil e enfrentou o representante do Mato Grosso - o Comercial de Campo Grande. No jogo de ida, na Curuzu, empate em 0x0. No jogo de volta, novo empate em 0x0 e a disputa foi para as penalidades. E nas penalidades o Comercial - disputante das divisões inferiores do futebol brasileiro - eliminou o Paysandu - à época, na primeira divisão.

Tá certo que uma ocorrência não estabelece tendência, mas é sempre bom ter prudência e respeito pelo adversário. O Naviraiense vem de uma goleada por 4x0 na final do estadual para o Cene, não é preciso nem comentar o quanto o pessoal lá deve estar de cabeça inchada e vai com tudo pra esse jogo.

MOMENTO MAIS MARCANTE DO ADVERSÁRIO NA COPA DO BRASIL - ok's esse é um pouco maldoso. Poderia ter citado a eliminação da Portuguesa fora de casa, ou mesmo a derrota por 2x1 para o Santos, com um gol no último minuto comemorado como um título (já que dava a renda do jogo pros mandantes) mas o jogo que fez o brasil saber quem era o Naviraiense foi o jogo que também deu uma mostra ao Brasil do poder de fogo do Santos de Neymar, Robinho e Paulo Henrique Ganso. Santos 10 x 0 Naviraiense pela Copa do Brasil 2010.



Bom, chega de história que um novo capítulo se desenha na noite dessa quarta em Naviraí. Abraços prezados leitores, nos vemos depois.

Águia precisa reaprender a voar

Elemento de novidade no futebol paraense desde 2008, quando se tornou habitual participante de competições nacionais, o Águia de Marabá sinaliza para uma situação de ocaso essa temporada. De lá pra cá foram 2 vice-campeonatos estaduais, uma quinta colocação na série C de 2009 e uma surpreendente participação da Copa do Brasil com 3 vitórias e 1 derrota, justamente a que eliminou o time diante do Fluminense [Sim, o Flu da dupla Fla-Flu].

No entanto as boas campanhas tem ficado no passado. Desde 2010 o time não se classifica - e geralmente nem briga por classificação - na série C. Em 2012 se caracterizou por uma equipe que voou em campo no parazão e não soube decidir, perdendo os dois turnos. E na série C, pior ainda, alternando resultados bons ou razoáveis no Zinho Oliveira com resultados desastrosos fora de casa, como a derrota por 6x0 para o Santa Cruz. O rebaixamento só foi afastado na última rodada. Em 2013, o time começou atrasado a preparação para a temporada e acabou rebaixado para a primeira fase do parazão 2014.

De lá pra cá vaias e apupos se tornaram rotineiros num estádio Zinho Oliveira cada vez mais vazio. Este ano, o Águia é o Pará na Série C. Talvez nem a torcida paraense ou os gestores do time tenham aberto os olhos para a importância que é a, no mínimo, manutenção do time na competição. Subir para Série B seria um sonho muito ousado, mas se manter em evidência disputando a série C pode ser um caminho para o time começar a se estruturar - a série C hoje é uma competição com muito mais perspectivas de lucro que do era há 5 anos atrás.

Caindo o Águia para a Série D é bastante razoável o risco do time desparecer do cenário do futebol nacional, como foi com o São Raimundo, que teve ascenção relâmpago - primeiro campeão brasileiro da quarta divisão - e queda ainda mais rápida. Torcemos para as coisas se acertem, mas realmente preocupa o estagio de preparação que o clube vem desenvolvendo para essa terceirona. Vejamos:

DISPENSAS A RODO:

Tudo bem, ser rebaixado é uma coisa que dói e inevitávelmente demanda mudanças no grupo de atletas. Mas a mudança que o Águia fez foi um tanto radical demais. A zaga era fraca, sem dúvida, mas isso não era motivo para dispensar os 4 laterais do time. Com isso se perde todo o entrosamento construído, que poderia evoluir e suplantar algumas dificuldades que o time apresentou.
BALÃO MARABÁ - bom desempenho, porém dispensado.

Na zaga as dispensas foram muitas também. Permaneceu basicamente o veterano Edkléber, de 37 anos. Os meias Rafinha e Balão Marabá, algumas das principais opções ofensivas do time, também foram mandadas embora. Questões extra-campo e de relacionamento aparte, saiu muita coisa que não deu certo, mas saiu também boa parte do pouco que deu. E isso realmente não é um bom começo de trabalho.

CONTRATAÇÕES A RODO:

Outra situação que nunca foi muito benéfica. A se elogiar o fato de quatro dessas contratações - Roberto, Charles, Rayro e Mael, vindos do Santa Cruz da Cuia com Grana - já conhecerem o futebol do estado. Tirando Mael, os outros três até já jogaram no Águia. Agora os atletas vindos do Veranópolis, Botafogo da Bahia e companhia vão ter de antes de, antes de qualquer coisa, se adaptar ao clima da região e à própria rotina do futebol paraense.
RAYRO - Destaque em 2012 está de volta
O Águia já acertou nessas contratações de outros centros, de jogadores desconhecidos, mas tem algum tempo, também, que não aparece uma surpresa boa. Não sou daqueles cronistas que acham que tem que trazer jogador com nome ou salário astronômico pra vencer, tem que trazer jogador que queira crescer na profissão de jogue sério, mas sou muito receoso com aquisições sem referência. É torcer pra dar certo, mas, de cara, já ter de colocar um porém na questão do entrosamento, que não vem do dia pra noite.

FUGA PARA PARAUAPEBAS

A diretoria do clube, na figura do seu presidente Sebastião Ferreira, o Ferreirinha, anunciou que a pré-temporada para a Série C seria realizada no município de Parauapebas e que um amistoso já estaria sendo agendado no município para encerrar os preparativos. Começou-se uma discussão em Marabá sobre a intenção do time em mandar seus jogos da Terceirona no estádio Rosenão, em Parauapebas. Os torcedores mais fanáticos ficaram furiosos com essa perspectiva. Talvez fiquem furiosos com a minha avaliação também mas acho que não seria uma idéia tão ruim assim não.

ÁGUIA EM PARAUAPEBAS - Alguns bons momentos
com a torcida local.

A equipe Marabaense chegou a mandar várias partidas no município no período em 2009. Se disse à época que o clube chegou a fechar contratos de patrocínio na cidade e chegou a contar com um apoio expressivo do torcedor local - carente de times para apoiar. Diz-se que por uma intervenção do na época prefeito de Marabá, Maurino Magalhães, reformas emergenciais foram realizadas no estádio Zinho Oliveira para que os jogos de menor porte pudessem voltar a Marabá. Então com sua capacidade limitada a 2.500 pessoas, o Zinho voltou a ter sua capacidade para 4/5 mil torcedores (fontes divergem sobre a capacidade real).

Mas o caso é que, mesmo com as reformas, o Zinho Oliveira continua não sendo um dos melhores estádios do futebol paraense. É desconfortável para a torcida, o gramado é muito ruim e sua drenagem é particularmente precária - o jogo contra o Paragominas, realizado esse ano, é prova máxima disso.

Se por um lado estádios acanhados tem o chamado "efeito caldeirão" empurrando o time da casa e amendrontando os adversários, de certa forma nem isso o Águia vinha contando nos últimos tempos. Com a sucessão de decepções e maus resultados, a torcida vinha comparecendo cada vez em menor número no estádio Marabaense. O prometido estádio municipal de Marabá, em obras desde 2009, não saiu do papel ainda - e também enfrenta certa rejeição por se situar muito longe do centro da cidade. "Se o torcedor já não está indo para o Zinho, que é no meio da cidade, imagina se ele vai se abalar pra Transamazônica pra ir ver o Águia jogar" questionaram alguns torcedores.

Fugir da pressão e cobrança em sua cidade natal talvez tenha alguns efeitos benéficos sobre o elenco. Quem sabe em um ambiente mais leve e com a torcida de Parauapebas vestindo a camisa, resultados melhores não apareçam?

JOÃO GALVÃO - SAI OU FICA?

Eis um dos tópicos mais polêmicos, não só entre a torcida marabaense como pela própria imprensa esportiva do Pará. Não há dúvidas que o feito de permanecer 5 anos no comando do time chama a atenção em um esporte onde a vida útil de um treinador em um time costuma ser tão abreviada - o Paysandu foi campeão paraense com a estupidez de 5 técnicos diferentes ao longo do torneio!
GALVÃO - Já não é mais unanimidade.
No entanto, se não há dúvida quanto aos méritos de Galvão nos bons momentos que o time viveu de 2008 pra cá, seu estilo teimoso e os resultados cada vez menos empolgantes tem gerado muitos questionamentos. Galvão não é do técnico estilo "grande estrategista" mas é um ótimo motivador e conhece o clube de ponta a ponta - muito possívelmente mesmo quando vier a abandonar o posto de técnico não se afaste do clube.

A resposta para essa pergunta sobre mudança de comando é na verdade bastante complexa. Estamos um momento de destaque para os técnicos regionais - Cacaio e Osvaldo Monte Alegre surpreenderam em determinados momentos do Parazão, Charles Guerreiro parece cada vez mais maduro como treinador... mas não é uma ciência exata que algum deles chegasse e resolvesse a situação do Águia. O clube Águia deixou de crescer de 2008 pra cá - ainda não tem divisões de base, não estádio próprio, programas do tipo sócio torcedor ... a bem dizer o próprio quadro societário do Águia não é tão expressivo assim, ainda.

Penso - se os salários estiverem em dias e as condições para trabalho forem suficientemente boas, o momento para a troca seria agora. A base do time vai ser remontada, jogadores ainda vão ser apresentados ao treinador e começar o treino no clube - seria um dos momentos menos danosos para fazer uma mudança de rota. MAS, se as condições não estão tão ideais assim, não creio que vá trazer grandes benefícios mudar de técnico. Como os jogadores, o trabalho de um técnico aparece com o tempo e a partir das condições que ele recebe para trabalhar.

Os comentários nessa reta final sobre instatisfação no elenco e salários atrasados dão a entender que o clima interno no Águia, no mínimo, possui algumas situações que precisam ser melhor resolvidas.

PARECER FINAL = SEJA O QUE DEUS QUISER

A sensação que o Águia hoje navega de forma errática por um mar cada vez mais revoltoso, que é a Série C, é inegável, mas fica a torcida para que esse time, que acostumou o torcedor paraense a se surpreender, volte a ser uma boa e inexperada surpresa. Que volte a ser o time que joga melhor fora de casa do que em casa, que derruba os gigantes e que faz o torcedor adversário perder a paciência com esse time "chato" de ganhar.

terça-feira, 7 de maio de 2013

LEVANTA A MÃO QUEM NÃO SABIA DESSA ... [+Paysandu]

International Superstar Soccer Deluxe tem uma versão pra ps1



O jogo de futebol mais popular da década de 90, que ganhou particular sobrevida no Brasil com as muitas versões piradas do tipo - "Campeonato Brasileiro" teve uma versão oficial lançada para playstation 1!

Tudo bem que não eram taaantas melhorias assim em relação ao original, mas é um extra bacana para os mais aficcionados. E o jogo já estava ficando com cara de Winning Eleven, com essa narração especial. Tenho quase certeza que é o Jon Kabira nela.

Pra quem quiser, tem até link para baixar a iso do jogo nos comentários desse video. Abraços

Publicado em 27/08/2012

Partida completa entre Brasil e Argentina nessa versão para PlayStation do clássico International Superstar Soccer Deluxe! Graças ao CD, novas animações foram adicionadas, abertura em video, narração mais presente e a única contrapartida nisso tudo são os loading times antes da partida, mas nada que atrapalhe a diversão!




PS: você tá se perguntando o que isso tem a ver com o futebol paraense? Ora, o que é isso!? Foi graças ao ISS Deluxe que o torcedor paraense conheceu os lendários jogos Campeonato Brasileiro 96 e Ronaldinho Soccer 98, que imortalizaram o Paysandu de 1995!

Nos dois jogos o Papão da Curuzú se fazia presente [por sinal, com a mesma escalação. O pirateiro devia estar com preguiça de mexer no jogo] cheio de jogadores do time que não conseguiu se manter na elite do futebol nacional, mas protagonizou alguns momentos memoráveis para a torcida alviazul - como essa vitória sobre o "ataque dos sonhos" do Flamengo, em um dos maiores públicos da história do Mangueirão.



Romário, Edmundo e Sávio de um lado, Nuno, Daniel e Ferreira Baleia do outro. Não teve nada pro mengão naquele dia!

E a profecia se concretizou ...


Prezados leitores, não é querer me gabar, mas é interessante como as coisas se repetem na história. Em novembro de 2012 eu era um reporter com recém chegado ao caderno Bola, do Diário do Pará, e recebi a incubência de ser reporter setorista do Clube do Remo. À época havia bem pouca coisa para se escrever sobre o clube pois as atividades estavam paralizadas. Aí sobrava espaço para algumas matérias bem humoradas - com toque de reflexão - sobre a situação do clube. Nessa aqui eu fiz um paralelo entre o roteiro da série de filmes "A Lagoa Azul". Clássico do Cinema em Casa, que marcou nossas infâncias mas abusou de reprisar. O texto fazia um prognóstico um tanto pouco otimista sobre o que a torcida azulina poderia esperar para 2013... e num é que o texto acertou, de certa forma?

Reproduzo agora a matéria, um de meus primórdios na vida de jornalista. Infelizmente não tenho como reproduzir a charge sensacional que acompanhou o texto, mas vou tentar compensar com outras formas de ilustração.

Boa leitura, e obrigado por continuarem por aqui ;).

De volta à Lagoa do Leão Azul?

Sábado, 03/11/2012, 14:39:55 - Atualizado em 03/11/2012, 14:39:55


Quem assistia as sessões da tarde durante a década de noventa viu um monte de filmes marcantes, daqueles que a gente lembra com carinho depois, mas também enjoou de alguns tanto que se repetiam. O torcedor do Clube do Remo tem sentido isso nos últimos anos, com a enfastiante repetição de um certo roteiro. A sinopse azulina nas últimas quatro temporadas tem sido parecida com a sinopse do filme: A Lagoa Azul de 1980, campeão de audiência e reprises na TV. Em resumo, após uma tragédia um casal - Richard e Emilly nos filmes, clube e torcida no futebol - se vê preso em uma realidade inóspita por um longo tempo, precisando aprender a conviver um com o outro em harmonia e a sobreviver às dificuldades que o ambiente selvagem os impõe. Para o casal do cinema, que sobreviveu a um naufrágio, a realidade inóspita é uma ilha perdida isolada da civilização. Já para o Leão Azul e sua torcida é ela é, a dura realidade dos times sem divisão e sem calendário para disputar.

Como se já não fosse suficientemente enfastiante rever esse filme, o roteiro azulino parece seguir o roteiro da série de filmes. Se no final do primeiro filme, após muita luta, o casal e seu filho fogem da ilha e são encontrados por um barco em De Volta à Lagoa Azul, de 1991, descobre-se que na realidade eles haviam morrido e o filho do casal acaba se vendo isolado com uma parceira na mesma ilha de onde seus pais fugiram quando foge do navio em um surto de cólera. O clube de Periçá, após passar uma primeira temporada longe do Brasileirão, conquistou a vaga mesmo sem ganhar títulos, fez uma campanha irregular e foi eliminado na mesma fase do campeonato, ficando outra vez sem vaga garantida no Campeonato Brasileiro para o ano seguinte. E isso duas vezes seguidas, nos anos de 2009 e 2012. Será coincidência?

Talvez não. A verdade é que tanto em 2009 quanto em 2011, quando ficou fora de competições oficiais, o Remo estava em ano de eleições. Nas duas ocasiões, os presidentes eleitos tiveram pouco tempo para planejar o futebol, o que resultou em times formados em cima da hora, com pouco critério e de resultados pífios que excluíram o clube da quarta divisão. Mais uma vez, o Leão se encaminha para novas eleições e não vislumbra nada para o ano que vem sem saber antes quem será seu novo presidente.

A discussão sobre novo estatuto e protestos da torcida contra um modelo de gestão arcaico já se faziam presentes na eleição de Amaro Klautau, no final de 2008 e são figuras repetidas na situação atual remista, onde o presidente Sérgio Cabeça não se pronuncia sobre uma provável tentativa de reeleição. Será que o desfecho vai ser o mesmo? No cinema, a série A Lagoa Azul terminou após o segundo filme. Mas e no futebol? Quantas vezes mais a torcida azulina vai ter de rever esse filme?




[já que não tem jogo mesmo, o negócio é se divertir]

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sempre um bom momento para gozar o rival

Arte sensacional do Valete de Copas

Não precisamos de Caxirolas ...

Esta semana o portal da Veja publicou esta matéria que versa sobre o fatídico episódio da "chuva de cachirolas" no gramado da recém reformada Fonte Nova. O estádio, ainda cheirando a tinta, representa o projeto brasileiro para organizar a copa do mundo, o instrumento musical, uma jogada de marketing de oportunidade. Sujar o palco da Copa do Mundo com um instrumento que deveria virar símbolo do torneio - como foi a vuvuzela na Copa da África do Sul - é algo bem feito em termos de marketing [pra dizer o mínimo].

Destaco aqui trecho interessante da matéria.

"
Brown patenteou a invenção - apesar de o instrumento ser basicamente igual ao caxixi, o chocalho de palha que acompanha o berimbau. A fabricação e distribuição ficou com uma multinacional chamada The Marketing Store. O plástico é produzido pela Braskem. Elas não revelam quanto Brown receberá de royalties pelo produto, que já está chegando às grandes redes varejistas e lojas de material esportivo. A semelhança com o caxixi é reforçada pelo fato de o plástico imitar a textura da palha. Dentro da caxirola, no lugar das sementes que fazem barulho no caxixi, há grãos de plástico."

Igual ao caxixi, porém feito de plástico, através de convênio com duas multinacionais e a ser implantado na marra para dar um tom "exótico" à Copa de 2014. Só posso comentar uma coisa - UFA! AINDA BEM QUE NÃO DEU CERTO! Que grandissíssima pilantragem essa Caxirola! Se registra e se inventa uma maneira de reproduzir um efeito natural de um instrumento musical étnico de forma artificial. Trocando fibra por plástico! Cadê a "Copa da Ecologia" e "Copa Verde"? Que diabos de sustentabilidade é essa? E, principalmente, porque enfiar goela abaixo uma tradição que não existe e ainda por cima atrelando ela a grupos empresariais internacionais ao invés de valorizar um elemento da cultura brasileira original? Porque diabos uma Caxirola se o Caxixi existe, faz o mesmo efeito, é mais barato e ainda é biodegradável?

LONG LIVE CAXIXI!
Já imaginou que ao invés de financiar a compra e produção em massa de desses adereços de plástico que vão apodrecer jogados nos cantos depois que o torneio acabar [e durante o torneio também, provavelmente] poderíamos estar jogando holofotes para um instrumento musical tradicional? E jogando holofotes discutir a contribuição negra na formação da cultura do país. Até o tatu-bola que é mascote do torneio, apesar do seu nome tosco [Fuleco] ainda representa a fauna nacional e joga luzes sobre a situação desse bichinho em extinção. O que diabos a Caxirola nos leva a refletir?

O que mais me dói ao pensar na substituição do caxixi pela caxirola, é que optar pelo caxixi poderia ser um estímulo necessário para o fomento de uma  cadeia produtiva baseada em artesanato. Através dela se poderia capacitar famílias e cidadões para compor essa cadeia produtiva de construção e distribuição do instrumento. O estímulo da Copa possívelmente ajudaria inserir o instrumento - e sua cultura - no cotidiano, principalmente através das crianças. Isso tudo sem ter de pagar royalties a ninguém e ajudando uma galera a tirar seu trocadinho com o trabalho. Isso seria um projeto econômico-cultural inclusivo visando a Copa de 2014. Mas parece que esse nunca foi o objetivo.

Bom, as Caxirolas estão sendo produzidas. Vão entupir as ruas delas porque vão precisar vender o que produziram e vão jogar pra cima da gente. O caxixi vai continuar uma realidade nos segmentos que o utilizam e somente lá. A febre consumista virá e ninguém vai ligar pra isso quando o torneio acabar. Mas, façamos um favor a natureza com isso tudo - não jogue sua caxirola no gramado, leva mais de 200 anos pra ela ser reassimilado pela natureza, jogue no lixo mesmo.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Premios e satisfações da vida

Que felicidade ver um trabalho nosso premiado.
Particularmente feliz em ver um trabalho realizado em condições não exatamente fáceis (vivia um período um tanto turbulento quando trabalhei no projeto).
Particularmente feliz quando é o nosso primeiro trabalho em uma redação, ainda como prestador de serviço, e que me abriu portas nessa mesma instituição - onde hoje sou um funcionário efetivo.
Que felicidade fazer um trabalho com data para começar e encerrar mas me aproximou de vários amigos, esses sem prazo para sair da minha vida.
Que bacana ser um dos raros trabalhos não escritos em lingua inglesa e ainda assim premiado no Prêmio da Associação Internacional de Marketing de Midias Jornalísticas - tradução "mais ou menos apurada" para o português do INMA Awards.

DIÁRIOPEDIA OLÍMPICA - Medalha de bronze na categoria “Novas Marcas, Produtos e Audiência”. Em 2016, com mais incentivos e investimentos, chegaremos ao ouro. ^^



ENTREVISTA PÓS JOGO - Charles Guerreiro

Reverter a vitória de 1x0 do Clube do Remo parece ser uma missão muito complicada? O técnico do Paragominas demonstrou confiança sobre o assunto.

https://soundcloud.com/taion-almeida/entrevista-p-s-jogo-charles

Sobre a pouca literatura a respeito do futebol paraense



FEIRA DO LIVRO 2013: Foto Alzyr Quaresma
O período da Feira do Livro sempre me comove um pouco. Por mais que meu ritmo de leitura de livros não seja dos mais vorazes ou mais próximos do ideal para um jornalista [que é ler um bocado] gosto de percorrer os estandes, garimpar algumas pérolas e adcionar livros às minhas estantes - os quais, com o tempo lerei, como tenho lido.

Neste ano, longe da penúria de outros tempos, me permito algumas compras em grande quantidade [de promoções]. E eis então que meu faro me diz "rapaz, o futebol rende uns livros interessantes".

Há alguns anos pesquiso para ver se encontro o "Como o Futebol Explica o Mundo", uma análise antropológica dos impactos do futebol na sociedade global e das próprias mudanças dessa sociedade implicando nos hábitos e costumes do futebol. Esse aí eu nunca encontrei. O "Como o Futebol Explica o Brasil" eu já comprei. O autor não é o mesmo do outro, mas o espírito é similar, também recomendo a leitura. Fora isso. Como apaixonado por futebol, almanaques e livros de estatística do esporte também interessam. Daí, eis que eu paro e me deparo com a seguinte pergunta:

- O futebol é uma paixão imensa do povo paraense, e a feira do livro é o espaço que mais reúne a produção literária no estado ... cadê os livros sobre futebol paraense?

Você pode concluir que o paraense não gosta tanto assim de futebol, pois não produz material de referência e história sobre o assunto, ou pode dizer que não há incentivos, apoios e blá blá blá ... O fato é que temos bem poucas opções hoje em dia. A maioria delas. Baseadas em livros do jornalista Ferreira da Costa



Ferreira, jornalista esportivo com algumas décadas de serviço prestado, tem um trabalho de pesquisa realmente muito bom acerca de resultados históricos do futebol paraense. Boa parte das estatísticas do nosso futebol, creditadas ou não, são baseadas na pesquisa que ele levantou e de tempos em tempos atualiza. Se você procura um material do tipo almanaque e guia de consulta, os livros são um prato cheio. Muito recomendáveis. Além destes três, que o autor aqui conseguiu comprar e ler, Ferreira publicou vários livros sobre o futebol do estado. Se alguém tiver informação de onde eles podem ser comprados eu agradeceria profundamente.

Fora da bibliografia, assim digueimos, Ferreiriana, as opções vão se tornando mais escassas. O Clube do Remo, quando da ocasião de seus 90 anos, publicou um livro contando sua história e destacando seus feitos. Não houve republicação e hoje ele é um livro bem raro. No ano do seu centenário lançou um livro também, com dados atualizados. Realmente não tenho maior conhecimento sobre o teor desses livros, mas imagino que haja mais crônicas além do conhecimento enciclopédico.

A Tuna, quando de seu centenário, em 2003, produziu um belo compêndio de matérias e crônicas chamado "Tuna - Sua vida e Glória" através de seu finado grande benemérito Manoel Oliveira. O livro pode soar um tanto confuso ao leitor que procurar lê-lo de forma linear pois os fatos narrados nem sempre estão organizados de forma linear - você encontra diversos bilhetes, matérias de jornal e crônicas narrando a história do clube, mas os períodos variam grandemente. O livro busca, mais do que outra coisa, ser uma homenagem e tributo à longa história da agramiação portuguesa. Por sinal, fantástico o trabalho de resgate de imagens e fotografias desses longos períodos.

OBS: centenários são datas muito boas pra lançar livros. Se uma agremiação atinge 100 anos de existência, história é o que com certeza não falta para contar. Remo e Tuna lançaram livros alusivos à data e o Paysandu programa um também para 2014.

Fora isso, temos o recém lançado livro do Expedito Leal - outro jornalista de muitos anos de labuta - sobre o clássico Re x Pa [o qual está à venda na cidade mas não na feira do livro. Entenda-se uma coisa dessas...] e obras perdidas no tempo e história. Pergunto-me. São mais de 100 anos de futebol no estado, onde estão as demais obras?

Cadê os compêndios de crônicas baseadas no futebol? Há no mínimo uma pequena quantidade de obras dessa natureza, como o conto "Promessa em Azul e Branco" da Eneida de Moraes. Onde estão os livros que usam do futebol para explicar a nossa realidade? Onde está um possível "Como o Futebol Explica o Pará"? Não temos sequer livros alusivos aos grandes craques e nomes do futebol que jogaram aqui. Tirando algumas iniciativas esporádicas como a série Cards Super Bola fica difícil saber qual era a história do seu time antes das câmeras de TV registrarem, porque os próprios clubes parecem não se importar muito em registrar.

Em suma. Há uma plêiade de possibilidades não exploradas nesse segmento. Futebol e literatura tem sim tudo a ver, pois o esporte está inserido na cultura, tradição e história de um povo. É estrategicamente importante que ele subsista como manifestação cultural fora dos quatro campos pois do contrário os clubes deixam de ganhar torcedores ao esconder seus passados gloriosos, e tendem a perder novos torcedores ao expô-los apenas o seu presente pouco animador. Fica a provocação.

Em poucas palavas, um jogaço

Tal qual Flávio Araújo fez no primeiro re-pa das semifinais, Charles Guerreiro montou uma equipe diferentes para mandar a campo só no bate-papo. Teve apenas 1 treino com bola após a dramática vitória contra a Tuna e ainda por cima 5 desfalques a resolver. Para as condições, surpreendeu o esquema 3-5-2 que o técnico implantou - com Rubran fingindo ser um volante mas atuando como terceiro zagueiro e liberando Magno e Rondinelli para atacar. Surpreendeu o Remo e deu ao  time mais chances de abrir o placar no primeiro tempo que os donos da casa, empurrados por público impressionante.

Mas, o Remo não estava morto nem desistia do jogo. Retornando com outro espírito e algumas mudanças muito interessantes, como a entrada de um endiabrado Branco, o Remo passou a jogar com postura que se espera de um mandante e passou a criar chances seguidas de gol. Numa das mais improváveis, sem tanto ângulo assim pra chutar, Branco emendou um chute de três dedos que morreu no fundo das redes de Mike Douglas. Explosão nas bancadas.

Após isso, ataque e contra ataque e algumas situações de fazer gelar a espinha como o chute a queima roupa de Adriano Miranda que Fabiano salvou de forma milagrosa. O Remo manteve a vitória que reverte a vantagem e o clube de Periçá agora joga por um empate no jogo de volta na Arena Verde. Situação tranquila? Não exatamente.

A torcida deixou as arquibancadas do Mangueirão feliz e comemorando, mas com a certeza que a vitória ainda não está garantida. Com desfalques sérios para o jogo de volta - como os volantes Gerônimo e Nata, não vai ser fácil garantir o resultado diante de um Jacaré perigoso como esse. Camisa por camisa a do Remo pesa mais. Mas a da Tuna também pesava. Vamos ficar de olho.

Remo 1x0 Paragominas.

GOL - Branco

Remo:
Fabiano, Endy, Carlinhos Rech, Henrique e Alex Ruan; Nata, Gerônimo, Diogo Capela e Ramón (Thiago Galhardo); Val Barreto (Branco) e Leandro Cearense. Técnico: Flávio Araújo.

Paragominas:
Maycki Douglas; Rondinele (Tardelly), Cristovam, San e Magno; Rubran, Dudu, Paulo de Tarso e Lourinho (Bené); Adriano Miranda e Aleílson (Beá). Técnico: Charles Guerreiro.

FENÔMENO AZUL MARCA PRESENÇA


LOTOU - 32 mil torcedores de 35 mil possíveis. Nada mal.

Fazia tempo que não se via uma festa como a de ontem. Grande destaque no primeiro turno da competição, quando protagonizou alguns dos jogos mais lotados do torneio, a torcida azulina ficou um tanto ressabiada nesse segundo turno e sua presença em campo foi ficando cada vez mais reduzida, conforme a má fase da equipe se instalava. Pois bem, duas vitórias sobre o maior rival mudaram as coisas e os torcedores abraçaram o conceito de “jogo da vida” para a partida da decisão da Taça Estado do Pará contra o Paragominas e lotaram lindamente as arquibancadas do Mangueirão. Tudo isso em um chuvoso e maroto feriado de 1º de Maio, quase sem ônibus nas ruas.

Parabéns torcida remista, vocês mais uma vez fizeram valer a alcunha de fenômeno azul.

ESTATÍSTICAS EM CAMPO
Público presente ao jogo
32 mil torcedores

Capacidade atual do mangueirão

35 mil torcedores

Total de ocupação

91,4% da capacidade do estádio