quarta-feira, 9 de março de 2011

CHAPA QUENTE NA CURUZÚ - “Nada justifica os protestos, nossa campanha é melhor que a do ano anterior!”


A chapa está quente na Curuzú. Desde o Re x Pa a relação clube torcida tem se configurado tempestuosa.Torcida insatisfeita com o desempenho do clube vaia, bate o pé e exige melhorias e mudanças. A direção do clube atesta que os revoltados são uma minoria comandada e que não tem razão de protestar porque os resultados desse ano são melhores que o do ano anterior. A torcida acusa a direção de incompetência. A diretoria chama esses torcedores de “bobalhões”. Em meio a isso tudo uma certeza apenas – o ambiente ‘tá carregado’, e não adianta fingir que não está.
Paysandu 2 x 1 Ananindeua  - terceira rodada da taça cidade de belém








HOJE E ONTÉM – A campanha de primeiro turno do Paysandu em 2010 foi praticamente hedionda. Não fossem as atuações na semifinal e nas finais contra Independente e Remo seria algo próximo do desastroso – 2 vitórias e 4 empates e 1 derrota. As finais épicas da taça estado do Pará e a lembrança do título ao final da competição ajudaram a deixar uma lembrança mais positiva da campanha do ano anterior. Já na campanha desse ano, 5 vitórias e 2 derrotas, contabiliza bem mais pontos (15 contra 10) mais vitórias e mais gols a favor, só foi pior na relação de gols sofridos – com média superior a 2 por partida.

Por um lado, é verdadeiro e legítimo o mandatário bicolor fazer essa reflexão. Porém, um tanto inapropriado. A lembrança de 2010 é do time campeão e vencedor, não do time que quase derrapou na primeira fase. A campanha do primeiro turno de 2010 foi vexatória. Refletindo com perfeição a insanidade administrativa do clube, que contratou cerca de 40 jogadores entre o fim de 2009 e início de 2010 e trocou três vezes de técnico em um período de cerca de 3 meses. Praticamente qualquer outra campanha do clube de suíço em certames estaduais foi melhor do que aquele primeiro turno, tenha sido vencedora ou não. Além do mais quando um ano depois você toma como parâmetro uma experiência desastrosa você está atestando que não aprendeu com a lição. Dizer “estamos melhor do que no desastre” é uma afirmativa verdadeira mas sem mérito, porque é obrigação não passar pelo desastre todo ano.

A torcida não é cega, ela sabe que os resultados não são ruins, mas ela já aprendeu que os números frios e descontextualizados enganam. Entre 2004 e 2008 os times campeões paraenses sofreram rebaixamentos no campeonato brasileiro. Claro que não há nenhuma maldição no campeonato estadual, pois o próprio Paysandu foi campeão estadual e nacional em 2001 e 2002, mas esse dado ratifica que conquistar o título não significa que seu time é forte ou preparado o bastante para almejar outras conquistas, apenas que foi superior aos adversários domésticos.

E é tolice achar que o torcedor não desconfia que alguma coisa não está certa apenas porque os números são positivos, não adianta reclamar – confiança não se recebe, se conquista. Se o torcedor não confia, por qualquer razão que seja, cabe ao clube reverter a confiança a seu favor através do seu desempenho, seja dentro ou fora de campo.

quinta-feira, 3 de março de 2011

FIM DA FASE CLASSIFICATÓRIA - Balanço - SÃO RAIMUNDO

SÃO RAIMUNDO - São Raimundo é um time que ascendeu muito rapidamente e se esfacelou ainda mais rapidamente. O Pantera Mocorongo parece ter incorporado o que remo e paysandu tem de melhor e pior - Torcidas apaixonadas e diretorias amadoras e com guerras de interesse. Desde os tempos de penúria anteriores ao parazão 2009, a prefeitura de Santarém e a diretoria do clube viviam em atrito, tanto que em certos anos o São Raimundo quase não jogou em sua cidade natal. O clube em um momento parecia fadado a dificuldades após seu maior rival, São Francisco, sair de cena. Como pode haver Fla sem Flu, Re sem Pa, Rai sem Fran? O pará perdia seu segundo maior clássico. Com o vice-campeonato do parazão e o título nacional na primeira edição da série D, uma nova ordem no futebol paraense parecia se estabelecer ... só pareceu ... A eliminação na Copa do Brasil no ano seguinte foi gloriosa em campo e vexatória nos bastidores. Não fosse a irregularidade de um atleta na vitória por 1x0 diante do Botafogo o time teria se classificado. A cartolagem dava sinais que a coisa ia fugir do controle. Por sinal, já haviam fugido àquela altura. Lúcio Santarém conquistou a quarta divisão em 2009, mas não durou 5 rodadas no parazão do ano seguinte antes da diretoria do clube demití-lo. Importou o treinador do Cristal do Amapá, que tanto trabalho deu ao São Raimundo na série D e de quebra seu artilheiro Maxi Jari, que montou dupla poderosa com Branco no ataque panterino. Ao final do campeonato paraense, sem a classificação para as finais, a diretoria trocou mais uma vez de técnico e deu a Walter Lima a incubência de reconstruir o time vencedor como aquele que dirigira no parazão do ano anterior. Após poucas rodadas na série C ... demitem Walter Lima, e contraram Sebastião Rocha ... é, dá pra imaginar como essa trajetória ia terminar ... Seguidas contratações, com critérios diversos (ou sem nenhum critério aparente) acabaram por descaracterizar a equipe. O rebaixamento relâmpago sem nenhuma vitória para a série D acabou não espantando tanto após esses seguidos descontroles. Para 2010 uma estratégia peculiar - semi-terceirizar o futebol para um grupo de empresários que colocariam jogadores no plantel e o levariam para um período de preparação no moderno centro de treinamentos do Fluminense, em Xerém. A preparação contou com um amistoso diante da seleção brasileira sub-20. O técnico, o mesmo Sebastião Rocha do final do brasileiro, dessa vez teria tempo para montar o plantel e trazer quem quisesse pra compor o elenco. Antes do campeonato começar, a equipe profissional do São Raimundo goleou o time amador, campeão do campeonato santareno, por 5x1. Os comentários levavam a crer que talvez a estratégia desse certo ... estratégias radicais assim, via de regra, tem apenas duas saídas - ou dão muito certo ou dão muito errado. Deu errado. O início do pantera lembrava a campanha na série C com o time perdendo partidas seguidas em casa e não ameaçando fora. Antes do final do primeiro turno, uma aparente mudança de planos - a diretoria demite o treinador Sebastião Rocha e contrata o "caseiro" Charles Guerreiro. Mais que isso - dispensa vários dos atletas indicados pelo antigo treinador e sinaliza com a contratação de atletas mais ligados ao futebol paraense, como Welber e Aldivan (ex-remo e paysandu na última temporada). Será que os planos de semi/integral-terceirização do futebol ficaram abortados? Bem, de certo, o que fica é a esperança que o São Raimundo recupere o rumo. Ao lado de Paysandu e Águia é o único clube que tem calendário para o resto do ano, embora não seja possível dizer até quando vá durar sua participação na série D. Se não conseguir se classificar para a série C, ou pelo menos se manter na Série D de 2012 (que promete formula iguais as séries A e B com pontos corridos em turno e returno) o São Raimundo pode se apagar do imaginário coletivo tão rapidamente quanto surgiu. E a fantástica torcida Santarena, definitivamente, merece muito mais do que isso.

FIM DA FASE CLASSIFICATÓRIA - Balanço - CASTANHAL

CASTANHAL - Esse foi minha maior decepção. O "quadrado mágico" Flamel, Soares, Branco e Helinho não empolgou ninguém (nem vai mais empolgar já que Flamel se transferiu para o Confiança de Sergipe). Estádio Maximino Porpino quase sempre vazio e um time que dava sempre a sensação de não ser capaz de ameaçar seus adversários. Nem de longe lembrava o time regular da primeira fase da competição, nem de longe fazendo justiça às perspectivas boas que seu plantel qualificado alimentava. No final das contas fica a expectativa de um rendimento melhor no próximo turno, para o qual a direção castanhalense já trouxe o técnico Walter Lima, vice-campeão com o São Raimundo em 2009. Mais uma vez Luís Carlos Apeú não conseguiu transmitir confiança em seu trabalho a frente do japiim, e deixa a impressão que talvez não esteja pronto para o desafio de uma equipe profissional. Para Walter Lima, uma chance de mostrar que a imagem de técnico estrategista e promissor que ele deixou em sua vitoriosa campanha com o pantera em 2009 não se perdeu, aparte dos seguidos insucessos que se sucederam com ele desde então.

FIM DA FASE CLASSIFICATÓRIA - Balanço - ÁGUIA DE MARABÁ

ÁGUIA DE MARABÁ - A expressão "o sonho acabou" parece refletir o ambiente no Águia de Marabá. Talvez com um pouco de injustiça, mas os resultados do time tem amparado essa reflexão pessimista. Poucos gols marcados, muitos gols sofridos. Um elenco que não consegue brilhar. O atleta Roma, ex-atacante de destaque no Flamengo e futebol árabe mofando no banco marabaense parece um sinal de como as coisas não são mais as mesmas. O que mudou? Terá João Galvão se tornado demasiadamente arrogante após entrar no 4 ano ocupando o mesmo posto e esteja ignorando alguns fatores na montagem do time que não costumava ignorar? Será que a divisão política interna do clube, que pela primeira vez viu dois grupos disputando a eleição no clube com trocas de farpas nos bastidores e acusações através da mídia, tem gerado desconforto e tirado a confiança do plantel aguiano? Ou será que simplesmente o time não se preparou da forma devida e agora paga o preço por isso? Após seguidas boas campanhas em torneios nacionais (série C desde 2008 e boa participação na Copa do Brasil em 2009) o Águia se consolidou como uma das únicas equipes paraenses que começa o ano com a certeza de calendário no segundo semestre. A equipe se tornou conhecida em outros centros, mas aparentemente esse crescimento de reconhecimento ainda não se reverteu em crescimento como clube. O Águia continua mandando seus jogos no mesmo limitado estádio Zinho Oliveira e sua capacidade de 4-5 mil pessoas. Sem divisões de base ou trabalho de formação de atletas, ainda é muito mais um time de futebol que um clube com estrutural social que envolva a cidade. Fica a torcida para que as coisas mudem pelas bandas marabaenses, porque como o próprio São Raimundo já pode testemunhar - a série C permite acesso fácil à B mas também uma queda rápida de volta à D.

FIM DA FASE CLASSIFICATORIA - Balanço - Tuna Luso

No bloco logo abaixo, Tuna, Águia, Castanhal e São Raimundo terminaram à margem da classificação, uma certa sensação de desapontamento, muito maior nos times do interior do que na Tuna. Aurinegros castanhalenses, aguianos marabaenses e panterinos mocorongos entraram na fase principal do parazão com expectativas boas.

TUNA LUSO - Até os torcedores mais fanáticos da cruz-de-malta após os seguidos anos de calvario na fase seletiva do parazão e completamente alijados da competição principal, sabiam que não ia ser parada fácil disputar esse parazão. Principalmente após o quase desmanche que o elenco da Águia guerreira sofreu da fase anterior para cá. Remontar um time leva tempo. Remontar com a competição em curso é um risco e tende a dar errado. Parecia que ia dar errado. Ao final de sete jogos, paradoxalmente, a Tuna acabou por contabilizar apenas 1 vitória por 1x0, mas igualmente sofreu apenas uma derrota por 2x0 em um clássico diante do Paysandu. Não foi dos piores resultados, por pouco o time não se classificou. Tem torcedor até agora revoltado com um penal não marcado no último minuto do jogo contra o cametá que tiraria o mapará da disputa e colocaria a Águia no páreo. A campanha não chegou a empolgar, mas deixou boas expectativas para o correr da competição. A Lusa conseguiu sedimentar uma boa defesa, setor onde a maioria dos times nessa primeira fase tem tido dificuldades, e com a chegada de Felipe Mamão e estréia de Barata e Adriano Miranda ficou a perspectiva de um crescimento ofensivo. Fica a dúvida apenas acerca das possibilidades de criação do meio campo cruzmaltino, que além de Barata e do jovem Whelton não parece ter muitos atletas de recursos para recorrer, mas o técnico Flávio Goiano não deve estar se preocupando muito com isso. Após o milagre da classificação e título na fase anterior e de remontar o elenco e quase se classificar nessa fase, não devemos desprezar sua capacidade de virar o jogo a seu favor.

FIM DE FASE CLASSIFICATÓRIA - Balanço - CLASSIFICADOS

Após expectativas, contratações, guerras de declarações pela imprensa, gols e muita correria ... chega ao fim a fase classificatória da fase principal do campeonato paraense. Como era de esperar, Remo e Paysandu encabeçam a relação dos classificados e terão vantagem de jogar por dois empates (ou empate e derrota por igual diferença de gols) em seus duelos contra os interioranos Independente, de Tucuruí, e Cametá Futebol Clube (obviamente, da cidade de Cametá). Os clubes do interior terão uma vantagem em relação aos anos anteriores - os duelos serão decidios em duas partidas, uma em casa e outra fora, ao contrário de anos anteriores onde a decisão era em apenas 1 partida, e em anos mais anteriores onde essa uma única partida era INVARIAVELMENTE no mangueirão - castanhal e ananindeua chegaram a decidir classificação numa semi-final às moscas em 2008.

Curiosamente, os extremos vão se enfrentar nas semifinais do turno. Melhores Ataques - Paysandu & Cametá, melhor e segundo melhor ataque - contra melhores defesas - Independente x Remo, terceira melhor e melhor defesa. Curiosamente os times de melhor ataque tem defesas bem frágeis (são as piores defesas da competição) e as melhores defesas tem ataques pouco empolgantes também (o Remo só marcou mais gols que a Tuna na competição, e seus atacantes não fizeram nenhum dos gols da equipe). Uma competição de tiro curto jogada por equipes que, via de regra, se prepararam pouco para o torneio. Só isso explica tamanho desequilíbrio.

De toda forma, passada a fase de classificação, as coisas devem se tornar mais dramáticas. Cada jogo é um passo para o título, que garante vaga na copa-do-brasil do ano que vem e calendário no segundo semestre para Cametá, Independente e Remo. Quando ao Paysandu, dado o estado de nervos que as coisas se encontram na Curuzú um título no primeiro turno seria um alívio sem igual para diretoria, grupo de jogadores e, principalmente, para o Técnico Sérgio Cosme, muito questionado desde a derrota no Re x Pa.

Vamos a alguns dados interessantes sobre a primeira fase:

Melhor Defesa - Remo - míseros 3 gols sofridos em 7 rodadas. 5 gols a menos que a segunda melhor defesa, Tuna com 8 gols sofridos. Elsinho e Marlon, laterais do leão azul inclusive tem cumprido jornada dupla, segurando as pontas lá atrás e marcando seus gols nas subidas ao ataque. Ponto pra eles.

Melhor Ataque - Paysandu - 21 gols marcados em 7 jogos, média de três por jogo. O ataque bicolor, ao contrário dos últimos anos, não tem sido fonte de grandes preocupações para a torcida. O desempenho individual de Rafael Oliveira tem sido uma coisa sem precedentes. O atleta marcou mais da metade dos gols da equipe - 11 dos 21 gols.

Jogos com mais gols - Paysandu 4 x 3 Cametá / Águia 4x3 Cametá / Paysandu 5x2 Águia - Duas vezes o cametá aparece nessa lista sofrendo 4 gols, alguma dúvida do porquê eles são a pior defesa do primeiro turno?

Artilheiro(s) - Rafael Oliveira & Leandro Cearense - 11 Gols - A comparar, Moisés foi artilheiro do parazão no ano anterior com apenas 13 gols. O duelo dos atletas empolga como há muito não se via em nosso estado.

Melhor jogo - Remo 3 x 1 Paysandu - Obvio que a torcida bicolor vai discordar desse tópico. Mas um jogo com 40 mil pessoas reunindo os dois líderes da competição, melhor defesa contra melhor ataque e dois times até então com 100% de aproveitamento é um fenômeno que não pode ser ignorado. O mangueirão ainda carece de mais cuidados e reformas, mas a presença de público deixou o estádio lindo. A atuação do bicola foi bem do esperado mas nisso houve também grande mérito da equipe remista. Os azulinos souberam isolar os talentos individuais do bicola ao ponto da bola quase não passar pelos pés de Rafael Oliveira e Tiago Potiguar, e quando chegava lá os atletas estavam devidamente marcados. Os laterais remistas simplesmente estraçalharam com a defesa bicolor. Desde esse jogo, Sergio Cosme não teve mais sossego na Curuzú e Paulo Comelli não soube mais o que era um estresse no baenão. Coisas de um Re x Pa.

E AGORA SERGIO COSME?

Em 9 rodadas por Copa do Brasil e Campeonato Paraense - 26 gols marcados (média ótima) e 19 gols sofridos (média péssima). Saldo positivo de 7 gols.  E agora Sergio? Vem finais do primeiro turno e Bahia pela frente na copa do brasil, as coisas vão precisar melhorar bastante. Até lá, parte da torcida bicolor deve estar pensando mais ou menos isso.

Colaboração do amigo Paulo Emmanuel.

ÁGUIA AINDA BICA

Colaboração do amigo Paulo Emmanuel.

Reminiscências do Re x Pa

Colaboração do amigo Paulo Emmanuel.