quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Parabéns Papãozinho! Boa sorte daqui pra frente.

Este blog oferece suas congratulações ao grupo de atletas entre 15 e 18 anos (sub-18) que participou da 45 Copa São Paulo de Futebol Junior e que ontém se despediu da competição com a derrota por 4x1 para o Pão-de-Açucar Esporte Clube (clube da empresa Pão-de-Açucar, de Abílio Diniz). Sua participação foi digna e honrosa, boa sorte com o seguimento de suas carreiras daqui pra frente, seja com o futebol ou não.

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Ok, entendo, você deve estar se perguntando porque dar os parabéns a um time que jogou três jogos, ganhou um e perdeu três e passou longe da classificação? Porque é assim que as coisas funcionam nas divisões de base, e de um modo geral as pessoas tem esquecido disso.

Ninguém cobra os times profissionais de Paysandu ou Remo sejam campeões da Copa Do Brasil, a qual disputam contra times de todas as divisões do futebol brasileiro, e nem é porque seja impossível ganhar como Criciúma, Juventude, Santo André e Paulista de Jundiai já comprovaram em vitórias sobre adversários mais expressivos nas finais de 91, 99, 2004 e 2005. O torcedor paraense, de um modo geral, já percebeu que o trabalho realizado aqui não visa ser campeão desses torneios, que a desorganização interna dos clubes compromete qualquer expectativa de trabalho bem realizado. O Paysandu participou diversas vezes e jamais conseguiu passar da segunda eliminatória, o Remo já fez campanhas muito boas mas há algum tempo sua torcida percebeu que ficar entre os 4 primeiros (como o time ficou em 91) não é jornada das mais fáceis, e o clube tem desapontado a torcida com eliminações para adversários de menor expressão como Palmas-To. Águia e Ananindeua conseguiram passar do primeiro mata-mata em suas únicas participações ... os poucos demais participantes paraenses da Copa do Brasil, nem isso. Copa do Brasil é um título que está ao alcance dos times do Pará, mas que eles não ousam se postular como candidatos ao título porque compreendem que não tem preparo o suficiente para isso.

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Assim sendo, porque exigir do papãozinho sub-18, que teve cerca de 3 treinadores nos três últimos meses de preparação para o torneio, que brigassem pelo título? Careca, Didí (figura muito misteriosa por sua atuação de bastidores na curuzú durante 2010) e Mancha treinaram pouquíssimo tempo cada um o time para formar alguma base. O time que disputou a primeira fase do parazão como "time negra" foi mesclado com uma série de atletas fora da idade para disputar a copa são paulo, então é questionável como trabalho de preparação também. Felizmente o time não precisou ir de ônibus até a competição, senão algum desastre como a derrota de 6x1 para o Corinthians na abertura da copa são paulo de 2007 poderia ter se repetido. Aliás, é um filme velho. Antigamente, quando as viagens de avião eram mais complicadas, geralmente as equipes paraenses que iam disputar competições em outros estados e pegavam viagens longas perdiam impiedosamente seus jogos (tema para outras postagens futuras, por sinal).

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Por fim, não custa relembrar que o objetivo nas divisões de base não é ganhar títulos, mas formar atletas e pessoas. O Paysandu fez uma jornada fantástica em 2006 quando ficou em sexto na Copa São Paulo de Futebol Junior, mas a direção bicolor queimou aquela geração de atletas quando não trabalhou aqueles atletas para servirem ao time profissional, ninguém daquele grupo se firmou no time bicolor. Por outro lado, o time que perdeu para o Corínthians por 6x1 revelou o goleiro Paulo Wanzeller, que ainda tá no elenco principal buscando espaço, e o atacante moisés, que fez o único gol do paysandu naquele jogo.

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Paulo Wanzeler inclusive falhou em alguns dos gols naquela goleada, deixando uma impressão ruim em muita gente sobre o seu potencial (esse que vos escreve incluso) naquele momento. Mas há de se considerar, será que não pesou para o desempenho ruim I - a viagem desgastante, II - a inexperiência em torneios nacionais, III - a juventude e as ocilações que são comuns da idade? Acredito que sim para as três possibilidades. Paulo Wanzeler está há três anos no elenco principal do Paysandu, e inclusive já disputou vários jogos como titular nesse período. A torcida sabe que pode confiar mais nele do que em boa parte dos arqueiros contratados pelo clube para serem reservas nesse período. Estando os titulares Alexandre Fávaro e Ney na faixa dos seus 33/34 anos, mais próximos do final da carreira do que de seu início, não seria um bom negócio para o clube preparar esse arqueiro jovem para substituí-los quando estes atletas se aposentarem ou mudarem de ares? Guardadas as proporções, foi o que o São Paulo Futebol Clube fez quando deixou o ex-goleiro do Sinop por cerca de 6 anos na reserva do Zetti e depois lhe deu a chance de ser titular do Gol Tricolor, e a Juventus de Torino ao dar a chance de titular a Alessandro Del Piero, ex-reserva por anos do craque Roberto Baggio, após a transferência do ídolo italiano para o rival Milan. Ceni e Del Piero se tornaram dois dos maiores ídolos de seus clubes e sua identificação com outras agremiações hoje é praticamente impossível. Que Wanzeler não passe nem perto disso, mas imagine que economia e segurança seria simplesmente apostar no crescimento de um atleta local com história dentro do clube ao invés de dar um tiro no escuro todo início de temporada?

Preparar atletas vai além de disputar competições e ganhar títulos, mas significa também preparar fisica e mentalmente o atleta para a transição ao grupo de atletas do time profissional. Em termos simbólicos se trata da transição da infância-adolescência para a vida adulta, uma fase que é difícil para todo mundo e que muita gente tem dificuldades. Nesse momento o clube precisa oferecer orientação e estar pronto para lidar com a realidade que nem todo mundo lá vai seguir como jogador de futebol (não é sempre que os filhos fazem aquilo que os pais pedem, não é?), mas que um ex-atleta que recebeu formação no clube certamente será um adulto digno e que terá em alta estima o clube que o preparou, podendo voltar a colaborar com o clube de outras formas. Vários diretores e abnegados de Paysandu, Remo e Tuna foram atletas do clube em seu passado. A vida de atleta passa mas a ligação fica para sempre. Será que os dirigentes de nossos clubes tem noção disso? Ou eles simplesmente estão preocupados em vender os jogadores das divisões de base para pagar as dívidas que eles mesmos contraíram em suas farras de contratações de atletas adultos e profissionais?

Em tempo, parabéns extras ao atleta Yago/Pikachu, pela sua segunda participação destacada na competição. O atleta disputou a copa são paulo em 2008 pela equipe do castanhal, chegando a marcar gol na partida contra o Palmeiras.

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