quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O FUTEBOL MARGINAL DO NEGÃO MOTORA

Em pé: Rosemiro, Elias, Dutra, Dico, Rui e Cuca
Agachados: Prado, Roberto, Alcino, Mesquita e Amaral
Prezados leitores. O texto a seguir não é de minha autoria, mas faz uma reflexão interessante sobre a ilusão e brevidade que é a vida no futebol, e como as glórias que as vezes são conquistadas nele são fulgazes, esquecidas tão logo soa o apito final. O texto, de autoria do jornalista Wladimir Cunha, fala sobre o funeral de Alcino, o maior ídolo da história do Clube do Remo. Tri-campeão e tri-artilheiro pelo remo no início dos anos 70, fez mais de 150 gols com a camisa azulina, no entanto viveu seus últimos anos na miséria, completamente esquecido, e não teve sequer o direito de ser velado na sede do clube pelo qual tanto fez. Não são poucos os casos assim no brasil, Garrincha talvez seja o espoente máximo dessa dinâmica quando cinco anos após dar ao brasil o bi-campeonato mundial no chile, estava já abandonado e relegado ao esquecimento. Seja pela lembrança de uma figura folclórica e de muitas alegrias para o torcedore azulino (e o apreciador do bom futebol no geral) seja como reflexão sobre vida, carreira e memória, recomendo a leitura do texto. Em breve devemos estar postando novamente, pedimos aos leitores que encarecidamente continuem prestigiando o blog e divulgando este espaço, reiterando que ele está a aberto a qualquer colaboração.

Abraços.

TAION ALMEIDA.

PS: Segue o texto original.


O futebol marginal do "Negão Motora"

por Vladimir Cunha.

Alcino Neves dos Santos Filho foi um mito. E como todo o mito viveu cercado de polêmicas, lendas e grandes realizações. Difícil dizer, a essa altura, o que é verdade e o que se mantém apenas como parte do imaginário da torcida paraense. Mas o que se sabe sobre Alcino é que, no gramado, não houve jogador igual. Em vida, levou o Clube do Remo a vitórias inimagináveis, uma era de glória que o time azulino, com um time medíocre e ameaçado de ser rebaixado para a Série C, talvez jamais consiga reviver novamente. Alcino só não conseguiu ser o maior goleador do Remo. Até hoje, a honra cabe ao atacante Dadinho, com 163 gols marcados durante a sua passagem pelo clube.

Alcino morreu na miséria, vivendo de favor em um sítio de Anindeua. Nem de longe lembrava o craque fanfarrão e genial, apelidado pela torcida de "Negão Motora", por causa de suas arrancadas. Um goleador de primeira que provocava o time adversário com gestos obscenos, desconcertava zagueiros com seus dribles e tinha um fraco por bebida, farras e mulheres. Em um episódio envolto em controvérsias, seu corpo não foi velado na sede do clube e nem enterrado junto com a bandeira do Remo. Resultado, acusam alguns torcedores e amigos, do descaso com que o clube tratava o seu maior jogador em seus últimos dias de vida.

Nas rodas de conversa que se formam em seu velório, muitas histórias para contar. Como a vez em que Alcino, um grande fã de John Travolta, amanheceu dançando na boate Papa Jimmy, famosa em Belém nos anos 70, às vésperas de um jogo. Chegou ao estádio acabado, pediu para dormir um pouco e acabou saindo no braço com o técnico azulino Paulo Amaral, o seu algoz com quem mantinha uma relação de amor e ódio. Apesar do arranca-rabo, entrou em campo e marcou dois gols. Só para depois comemorar a vitória abraçado com Amaral como se nada tivesse acontecido.

A julgar pelas reminiscências dos amigos mais próximos, Alcino viveu como um popstar, de maneira extravagante e excêntrica, misturando o talento para o futebol com uma vida conturbada e cheia de passagens folclóricas. É famoso o episódio em que, durante um jogo com o Paysandu, após driblar dois zagueiros e um goleiro, sentou na bola a dois palmos da linha do gol antes de fazer balançar as redes do time adversário. Não contente, arriou a calça, mostrando o pênis para torcida. Terminou expulso, mas provavelmente contente pela vitória dos azulinos por dois a zero em cima do time bicolor e por ter acrescentado mais um fato pitoresco à sua lenda pessoal.

"Sempre que o Remo ia jogar no Rio de Janeiro o Alcino ou ficava doente ou dava um jeito de não ir", conta o veterano jornalista esportivo Fernando Araújo na saída do velório, "Depois fomos descobrir que era porque, na juventude, havia participado de um assalto na capital carioca e contra ele tinha um mandado de prisão. Morria de medo de ser reconhecido. Assim era o Alcino. Certa vez, quando jogava no Rio Negro, de Manaus, roubou o ônibus do time e saiu dirigindo pela cidade com a equipe toda dentro do veículo. Terminou atropelando um bêbado que estava atravessando a rua".

A conversa muda de rumo quando alguém começa a discutir sobre o nome do juiz que apitou a célebre partida contra o Paysandu, da qual Alcino foi expulso, enquanto sou abordado por uma senhora já um pouco idosa. Vizinha do Baenão, o estádio oficial do Clube do Remo, Vera Lúcia Amoras recorda das inúmeras vezes em que ajudou Alcino a fugir dos treinos e de quando ele se escondia em sua casa quando procurado por Paulo Amaral. Ela o conheceu quando avistou o jogador se equilibrando por cima de um telhado de brasilit. Com medo dele cair de lá de cima, chamou-o para dentro de sua casa e, junto com a mãe, o escondeu até que Amaral desistisse de procurá-lo. Alcino deu um tempo, fez um lanche e sumiu. De fuga em fuga, nasceu uma amizade que durou até a morte do jogador.

Assim que a discussão sobre o nome do juiz esfria o tema volta a ser Alcino e um de seus feitos mais gloriosos: o famoso jogo contra o Flamengo no Maracanã em 25 de outubro de 1975. Uma partida tensa e difícil, decidida quando ele driblou três zagueiros e fez o gol que levaria o clube do Remo à vitória por 2 x 1, calando a torcida rubro-negra e um time que, na época, contava com craques do porte de Zico, Cantarelli e Geraldo Assoviador. Um momento histórico que, reza a lenda, teria levado às lágrimas o radialista Edson Matoso, que narrava a partida para uma rádio local.

Como todo bom guerreiro, Alcino conquistou o respeito dos adversários dentro e fora de campo. No velório, as atenções se voltam para Paulo dos Santos Braga, o Quarentinha, jogador lendário do rival Paysandu, que chega para prestar suas últimas homenagens. Velho oponente de Alcino nos gramados paraenses, ele relembra a irreverência do craque e o seu talento como jogador. "Às vezes ele me tirava do sério com aquelas presepadas. Mas apesar disso era um grande atleta. Brigávamos muito em campo, mas a nossa rivalidade era restrita ao futebol. Admiro muito o Alcino como o grande jogador que ele foi. Para mim ele faz parte de uma geração vitoriosa".

               Remo Campeão Paraense de 1974: de pé- Rosemiro, Elias, Dico, China,
Rui Azevedo e Cuca;  agachados- Caíto, Alcino, Mesquita,
Roberto e Neves.
Infelizmente os feitos do maior craque do futebol paraense ficaram no passado. Vítima do alcoolismo e de uma vida desregrada, Alcino viveu os seus últimos anos na miséria, morando de favor em um sítio em Ananindeua, cidade a cerca de 40 minutos da capital paraense. Sem emprego fixo, frequentemente era visto mendigando nos bares do centro de Belém. E no Clube do Remo, pedindo dinheiro para os sócios. Talvez por causa disso tenha sido proibido de freqüentar a sede social do clube e os treinos no Baenão. Para os dirigentes e cartolas azulinos, Alcino era um nome que, definitivamente, havia ficado no passado.

Uma certa ingratidão com o craque que culmina na reação passional do ex-lateral remista Mario Assunção de Carvalho, o Marinho, companheiro de Alcino nos anos 70. Durante o enterro, enquanto torcedores, amigos e ex-jogadores prestavam suas últimas homenagens ao atacante, Marinho não consegue conter a indignação. Para ele, faltou respeito a Alcino que devia, ao menos, ter sido velado na sede do clube. Durante o velório, o que se contou várias vezes é que a própria diretoria azulina teria impedido o velório do craque. Já os dirigentes explicaram que o velório foi realizado em uma capela no centro de Belém a pedido da mulher do craque. E antes que o corpo seja enterrado, um grupo de torcedores retira a bandeira do Remo que cobre o caixão, de dimensões reduzidas e comprada em um camelô durante a ida
ao cemitério.

"Está vendo isso?", pergunta bastante irritado o despachante Adelino Moura, torcedor do Remo, "A diretoria do clube não se dignou sequer a comprar uma bandeira oficial pra gente enterrar o Alcino. Tudo aqui foi bancado pela mulher dele. Pergunta se eles vieram ao enterro ou se mandaram ao menos uma coroa de flores? Sozinho o Alcino vale mais do que toda essa diretoria do Remo. Foi o maior ídolo do futebol paraense e não merecia ser tratado com tanta falta de respeito"

O caixão baixa e a última pá de terra é lançada. Alcino morreu pobre e sozinho, vivendo da ajuda de amigos e de torcedores do Remo. Em parte por culpa dele próprio, que não soube administrar o sucesso e o dinheiro que ganhou quando estava no auge, em parte por causa do descaso do clube, que não criou alternativas para que ele vivesse melhor após o término da carreira. Na memória dos torcedores e dos companheiros de time, ficarão as jogadas geniais e as histórias mirabolantes. E para quem esteve presente ao enterro no começo da tarde desta sexta-feira, a sensação de que o craque não teve um final à altura do mito.

Postagem original - http://www.overmundo.com.br/overblog/o-futebol-marginal-do-negao-motora

domingo, 16 de janeiro de 2011

Quem disse que jogo da Tuna não lota o souza?


Só pra constar, o único canto vazio do Francisco Vasquez, o Souza, era o canto destinado à torcida do vitória. Tuna 3x2 Vitória, na série C de 2006. Gols de Felipe Mamão [2] e  Flamel pra Tuna. Esse que vos escreve tá aí no meio da galera pulando e pegando o sol de 10 da manhã. Jornada memorável da Águia.

sábado, 15 de janeiro de 2011

DEMA - O Highlander do Futebol Paraense!

Quem diria que hoje em dia, quando aos 30 anos de idade muitos atletas já vêem seu futebol murchar e vão ensaiando uma aposentadoria, o futebol paraense daria uma mostra tão impressionante de longevidade futebolística em outras praças? Dema, aos 43 anos de idade, renova contrato com o Itapipoca do Ceará para a disputa do Cearense 2011. Definitivamente é o Highlander do futebol paraense, talvez o último atleta de sua geração ainda em atividade, e com pompas de ídolo da torcida.

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Dema, definitivamente, não dava pinta que iria tão longe. Embora sua carreira seja marcada por muitas glórias, sendo o último atleta campeão por Remo, Paysandu e Tuna (e até a Tuna ser campeã paraense outra vez, nenhum atleta deverá se somar nessa relação, já que depois de 22 anos, só Dema ainda está em atividade) sua última passagem por um grande clube da capital paraense levava a crer que o atleta já estava próximo do fim de sua carreira. Dema assinou com o paysandu no começo de 2000 para ser um dos craques do time, em uma equipe formada por vários atletas experientes com jornadas vitoriosas pelos grandes da capital (Luis Carlos Trindade, Charles Guerreiro, Jobson, Sandro, Ney "sorvetão"...). Apesar das grandes expectativas, Dema foi campeão no banco de reservas e nunca conseguiu reeditar suas grandes atuações com a camisa bicolor. A má forma física era evidente. Sofreu seguidas contusões ao longo do primeiro semestre e quando retornava aos campos não conseguia emplacar  boas exibições. Foi dispensado ao final do campeonato paraense e não fez parte do elenco bicolor que Givanildo Oliveira montou no segundo semestre e que seria a base da equipe que conquistaria tudo pelo paysandu nos três anos seguintes.

Já com 32 anos de idade parecia estar no fim da linha. Remo e Tuna nunca mais se interessariam em contratar o atleta que ajudaria os clubes a conquistar o penta-campeonato paraense (93-97) pelo Leão Azul e o último titulo estadual (88) pela Águia Guerreira. E no Paysandu sua campanha pífia no estadual falava muito forte do que as boas jornadas no brasileirão de 92 e em outros momentos do início da década passada. Dema começou então a jogar por equipes menores do futebol paraense. Voltara a jogar o campeonato paraense pelo Castanhal e pelo Tiradentes, sem grande brilho e com uma ou outra boa atuação nessas passagens. Parecia que a sina de encerrar a carreira de modo discreto em equipes menores do futebol paraense e esquecido pelas torcidas que fizera feliz se abateria sobre Dema como se abateu antes por Mazinho, Oberdan, Alcino e tantos e tantos e tantos craques do nosso futebol. Mas, eis que algo aconteceu fora-do-script ...

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GRANDES TORCIDAS, GRANDES GLORIAS, TORCIDAS MODESTAS, GLORIAS MODESTAS,  MAS AINDA GLORIAS - Já com seus 37 anos de idade o meia recebeu o convite para jogar no interior do ceará. Conquistou uma seqüencia de boas exibições e foi renovando seu contrato para as temporadas subseqüentes. Parecia ter uma idade já muito avançada, mas seu bom futebol o credenciava a postular espaço nas equipes titulares pelos anos seguintes, inclusive motivando a disputa pelo seu futebol por outros clubes do interior cearense. E assim Dema chegou ao Itapipoca, onde se tornou ídolo da torcida. Ser um ídolo do Itapipoca evidentemente é diferente de ser um ídolo nos grandes de Belém, os estádios talvez não lotem com a mesma constância que aqui e a perspectiva de ser campeão pelo Itapipoca num campeonato dominado por Fortaleza e Ceará certamente é bem menor, mas ainda assim sua despedida dos gramados nesse momento promete muito mais reconhecimento e glória do que lhe reservava no futebol paraense, um final de carreira mais digno do que outros bons atletas de sua safra. Por sua longevidade no futebol profissional e as glórias conquistadas já com idade tão avançada, Dema merece o respeito deste que vos escreve e parece cada vez mais propenso a roubar de Edil o posto de Highlander - O Guerreiro Imortal do futebol paraense.
Link para matéria sobre o atleta no itapipoca

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Parabéns Papãozinho! Boa sorte daqui pra frente.

Este blog oferece suas congratulações ao grupo de atletas entre 15 e 18 anos (sub-18) que participou da 45 Copa São Paulo de Futebol Junior e que ontém se despediu da competição com a derrota por 4x1 para o Pão-de-Açucar Esporte Clube (clube da empresa Pão-de-Açucar, de Abílio Diniz). Sua participação foi digna e honrosa, boa sorte com o seguimento de suas carreiras daqui pra frente, seja com o futebol ou não.

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Ok, entendo, você deve estar se perguntando porque dar os parabéns a um time que jogou três jogos, ganhou um e perdeu três e passou longe da classificação? Porque é assim que as coisas funcionam nas divisões de base, e de um modo geral as pessoas tem esquecido disso.

Ninguém cobra os times profissionais de Paysandu ou Remo sejam campeões da Copa Do Brasil, a qual disputam contra times de todas as divisões do futebol brasileiro, e nem é porque seja impossível ganhar como Criciúma, Juventude, Santo André e Paulista de Jundiai já comprovaram em vitórias sobre adversários mais expressivos nas finais de 91, 99, 2004 e 2005. O torcedor paraense, de um modo geral, já percebeu que o trabalho realizado aqui não visa ser campeão desses torneios, que a desorganização interna dos clubes compromete qualquer expectativa de trabalho bem realizado. O Paysandu participou diversas vezes e jamais conseguiu passar da segunda eliminatória, o Remo já fez campanhas muito boas mas há algum tempo sua torcida percebeu que ficar entre os 4 primeiros (como o time ficou em 91) não é jornada das mais fáceis, e o clube tem desapontado a torcida com eliminações para adversários de menor expressão como Palmas-To. Águia e Ananindeua conseguiram passar do primeiro mata-mata em suas únicas participações ... os poucos demais participantes paraenses da Copa do Brasil, nem isso. Copa do Brasil é um título que está ao alcance dos times do Pará, mas que eles não ousam se postular como candidatos ao título porque compreendem que não tem preparo o suficiente para isso.

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Assim sendo, porque exigir do papãozinho sub-18, que teve cerca de 3 treinadores nos três últimos meses de preparação para o torneio, que brigassem pelo título? Careca, Didí (figura muito misteriosa por sua atuação de bastidores na curuzú durante 2010) e Mancha treinaram pouquíssimo tempo cada um o time para formar alguma base. O time que disputou a primeira fase do parazão como "time negra" foi mesclado com uma série de atletas fora da idade para disputar a copa são paulo, então é questionável como trabalho de preparação também. Felizmente o time não precisou ir de ônibus até a competição, senão algum desastre como a derrota de 6x1 para o Corinthians na abertura da copa são paulo de 2007 poderia ter se repetido. Aliás, é um filme velho. Antigamente, quando as viagens de avião eram mais complicadas, geralmente as equipes paraenses que iam disputar competições em outros estados e pegavam viagens longas perdiam impiedosamente seus jogos (tema para outras postagens futuras, por sinal).

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Por fim, não custa relembrar que o objetivo nas divisões de base não é ganhar títulos, mas formar atletas e pessoas. O Paysandu fez uma jornada fantástica em 2006 quando ficou em sexto na Copa São Paulo de Futebol Junior, mas a direção bicolor queimou aquela geração de atletas quando não trabalhou aqueles atletas para servirem ao time profissional, ninguém daquele grupo se firmou no time bicolor. Por outro lado, o time que perdeu para o Corínthians por 6x1 revelou o goleiro Paulo Wanzeller, que ainda tá no elenco principal buscando espaço, e o atacante moisés, que fez o único gol do paysandu naquele jogo.

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Paulo Wanzeler inclusive falhou em alguns dos gols naquela goleada, deixando uma impressão ruim em muita gente sobre o seu potencial (esse que vos escreve incluso) naquele momento. Mas há de se considerar, será que não pesou para o desempenho ruim I - a viagem desgastante, II - a inexperiência em torneios nacionais, III - a juventude e as ocilações que são comuns da idade? Acredito que sim para as três possibilidades. Paulo Wanzeler está há três anos no elenco principal do Paysandu, e inclusive já disputou vários jogos como titular nesse período. A torcida sabe que pode confiar mais nele do que em boa parte dos arqueiros contratados pelo clube para serem reservas nesse período. Estando os titulares Alexandre Fávaro e Ney na faixa dos seus 33/34 anos, mais próximos do final da carreira do que de seu início, não seria um bom negócio para o clube preparar esse arqueiro jovem para substituí-los quando estes atletas se aposentarem ou mudarem de ares? Guardadas as proporções, foi o que o São Paulo Futebol Clube fez quando deixou o ex-goleiro do Sinop por cerca de 6 anos na reserva do Zetti e depois lhe deu a chance de ser titular do Gol Tricolor, e a Juventus de Torino ao dar a chance de titular a Alessandro Del Piero, ex-reserva por anos do craque Roberto Baggio, após a transferência do ídolo italiano para o rival Milan. Ceni e Del Piero se tornaram dois dos maiores ídolos de seus clubes e sua identificação com outras agremiações hoje é praticamente impossível. Que Wanzeler não passe nem perto disso, mas imagine que economia e segurança seria simplesmente apostar no crescimento de um atleta local com história dentro do clube ao invés de dar um tiro no escuro todo início de temporada?

Preparar atletas vai além de disputar competições e ganhar títulos, mas significa também preparar fisica e mentalmente o atleta para a transição ao grupo de atletas do time profissional. Em termos simbólicos se trata da transição da infância-adolescência para a vida adulta, uma fase que é difícil para todo mundo e que muita gente tem dificuldades. Nesse momento o clube precisa oferecer orientação e estar pronto para lidar com a realidade que nem todo mundo lá vai seguir como jogador de futebol (não é sempre que os filhos fazem aquilo que os pais pedem, não é?), mas que um ex-atleta que recebeu formação no clube certamente será um adulto digno e que terá em alta estima o clube que o preparou, podendo voltar a colaborar com o clube de outras formas. Vários diretores e abnegados de Paysandu, Remo e Tuna foram atletas do clube em seu passado. A vida de atleta passa mas a ligação fica para sempre. Será que os dirigentes de nossos clubes tem noção disso? Ou eles simplesmente estão preocupados em vender os jogadores das divisões de base para pagar as dívidas que eles mesmos contraíram em suas farras de contratações de atletas adultos e profissionais?

Em tempo, parabéns extras ao atleta Yago/Pikachu, pela sua segunda participação destacada na competição. O atleta disputou a copa são paulo em 2008 pela equipe do castanhal, chegando a marcar gol na partida contra o Palmeiras.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Paramaribo - Pará - Saldo final

É isso aí amigos. O torneio de Paramaribo acabou. Mais um troféu para a coleção, dinheiro para saldar dívidas urgentes e histórias. Este tipo de troféu não é novidade na história de nossos clubes, o dinheiro ajuda mas não resolve nada mas as histórias ... essas sim. Alimentam o folclore, a rivalidade sadia e com isso aquecem a paixão dos torcedores. Que 2011 comece bem. Abraços a todos.

Castanhal - O "novo águia"?

Aliás, muita atenção com o Castanhal Futebol Clube e seu "quadrado mágico" Flamel, Soares, Helinho e Branco. Se o técnico Luís Carlos Apeú já estiver devidamente amadurecido e a torcida comparecer em bom número ao Maximino Porpino, o Modelão, o Japiim pode alçar alguns vôôs bem ousados esse ano.

Será uma surpresa como foram Águia de Marabá em 2008 e São Raimundo em 2009, vice-campeões estaduais e com grandes campanhas (título no caso da Pantera mocoronga) no campeonato brasileiro? Muitos clubes no estado tem essa pretensão desde então, 2010 não viu um time repetir essas grandes jornadas, só o Águia de Marabá que voltou a fazer papel bonito no parazão e uma campanha boa, mas sem êxito, na série C.

Para uma jornada de sucesso, talvez tão importante quanto a organização em campo seja o resguardo fora-de-campo com um trabalho dedicado e bem organizado da direção do clube e nesse aspecto infelizmente não tenho como cravar com certeza que esse trabalho existe. Vamos ficar de olho.

Rato na toca do lobo [2]

Vamos dar tempo ao tempo. Seu ex-colega de ataque na Tuna Luso em 2001 Helinho ainda está batendo uma bola redondinha no Castanhal Futebol Clube. A maturidade parece lhe ter feito bem. Apesar de não ter se firmado até hoje em Remo ou Paysandu tem marcado suas últimas passagens pelo futebol paraense com muita dedicação e gols, talvez até merecendo uma chance maior.

Rato na toca do Lobo?

Rato contratado pelo Paysandu. E agora? Será uma boa? Cleyson Rato arrebentou com a camisa bicolor na série A em 2002, mas de lá pra cá já fazem longos 8 anos... como estará a bola dele?

CLEYSON RATO - Aos 32 anos
retorna ao paysandu. Foto
meramente ilustrativa.
Por sinal, alguns diretores dizem que não é contratação, mas sim um "período de testes", embora o presidente tenha afirmado que ele pessoalmente fechou a contratação.

Que feio!

Paulo Comelli. Tudo bem achar que seu time merecia melhor sorte, defender que jogou melhor com um jogador a menos boa parte da partida ... mas culpar o regulamento !?!?! Francamente. Era um torneio de pré-temporada, tal qual o torneio Ama Belém, promovido pela prefeitura em 2007, quando um Re x Pa foi decidido pelo número de escanteios cobrados e o Leão levou a taça. Esse chororô só alimenta a gozação dos adversários e valoriza um revés mínimo.

Em tempo, a atitude dele destribuindo gestos ofensivos aos torcedores do paysandu na chegada a Belém é algo lamentável. Embora os torcedores mais ignorantes costumem gostar quando um profissional do seu clube do coração toma um gesto desse tipo, não é digno de um treinador com tanta rodagem esse comportamento. Ele mais do que ninguém deveria saber que o mundo dá voltas e que coisas assim só depõe contra ele mesmo.


Paulo Comelli nos tempos de treinador do Bahia.

Parabéns [2]

Marlon. Desde 2007 figura certa no time do Remo. É o atleta há mais tempo no clube do atual elenco e manteve a tradição dos belos gols (fez até gol olímpico em Re x Pa ano passado). Seja jogando como volante ou como lateral vai ser difícil tirar ele do time.

Parabéns [1]


Ney volta com grande destaque após as 3 defesas de pênalty que garantiram o título ao papão. No mínimo deve ser uma sombra bem insinuante sobre Alexandre Fávaro, que vai ser bem mais cobrado após as boas atuações de seu companheiro de posição. Ninguém efetivamente esperava muito dele após sua chegada, mas o arqueiro mostra que tem seu valor com essas boas atuações e que vai brigar pelo seu espaço.

Dinheiro na mão é vendavel [2]

* Por sinal não ficou muito claro o valor total da cota porque não ficou especificado se eram dólares Surinameses ou Dólares americanos. A cotação do primeiro é de 0,60 centavos de real e a do segundo 1,69 reais. A diferença do valor da cota (21.283 reais para o dolar Surinamês e 59.150 reais para o dolar americano) é bem razoável.

* Seja qual for a cotação, esse valor não paga sequer uma folha salarial inteira de Remo ou Paysandu nesse exato momento.

* Desconfio até que no paysandu o salário de alguns atletas é superior ao valor de cota na cotação surinamesa ...

Dinheiro na mão é vendaval ...

Embora a cota de 35 mil dólares seja bem maior do que Remo e Paysandu costumam embolsar em seus jogos amistosos, não é um valor pra salvar a lavoura de ninguém. As atrocidades administrativas e econômicas de ambos os clubes geraram um passivo tão grande que certamente no caminho entre aeroporto e sedes dos clubes o dinheiro já terá sido gasto para cobrir alguma emergência.

Daqui pra frente [2] ...

Nesse aspecto um elogio ao Remo, que levou em seu plantel o que, se imagina, será a base do time titular nesse começo de temporada. A direção valorizou seu plantel e o próprio torneio ao levar o que tinha de melhor, e ao não ficar contratando durante o desenrolar da competição deu segurança e estímulo para seus atletas e comissão técnica desenvolverem o trabalho de forma equilibrada. É claro que isso tudo aumenta a frustração do seu torcedor, que viu o grande rival fazer tudo ao contrário e levantar a taça ao final, mas isso faz parte do jogo. O futebol tem dessas coisas. Mas, tecnicamente, é mais facil para os azulinos nesse momento apontar para o seu elenco e dizer onde ele precisa de reforços e o que ele precisa treinar melhor, do que para os bicolores.

Daqui pra frente ...

O que mais se pode dizer sobre essa conquista? Praticamente mais nada. O time que disputou a competição no Suriname e o que vai disputar o resto da temporada devem ser bem diferentes. Entre atletas se recuperando, readquirindo condicionamento físico e recém-contratados, muita gente nem viajou. Certamente que Sandro, Vanderson, Zeziel, Tinoco, Alexandre Fávaro e Alex Oliveira não estão na Curuzú para ser banco ou esperar oportunidades para mostrar seu futebol. Fora que ainda tem mais contratação a caminho ...

Parabéns Papão - Campeão Transfronteiras

Parabéns ao Paysandu Sport Club e seus atletas. Retornam de Suriname com o troféu de 90 anos da Federação de Futebol do Suriname na mão, 35 mil dólares no bolso e muita história pra contar, certamente. Começar o ano com uma conquista e de quebra derrotar o maior rival é um senhor pé-direito e certamente vai dar uma injeção de ânimo em seus atletas, comissão técnica e torcedores.